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UMA ESPERANÇA: UMA REFLEXÃO

Posted by FLAVIO ALVES DA SILVA on 17:14
I JORNADA INTERDISCIPLINAR DE
LETRAS E MATEMÁTICA DA EAD/UNITINS: LINGUAGENS, COMUNICAÇÃO E
TECNOLOGIAS

SILVA, Flávio Alves da.
Acadêmico de LETRAS do CEULP/ULBRA. flavioalves77@yahoo.com.br

O conto Uma Esperança de Clarice Lispector, apresenta características convergentes
com a crônica. Parte de um fato corriqueiro, do cotidiano, da concreta, visível e inxergavel realidade existente diante de nossos olhos. É breve em seu tempo narrativo. Contudo, traz em si uma reflexão filosófica profunda. Apesar de sua aparente frivolidade, a narrativa expõe uma busca pelo fator motivante de vida: a esperança. É o concreto, o inseto, que surge diante dos olhos, mas o que se desperta é uma introspecção perpetua na vida humana. No conto de Clarice a presença do inseto esperança vem como um provocador. Causa a reflexão e proporciona a estória o tom poético. Assim ele é como um poeta, um sapo cururu que chora a vida ou ainda a Açanã que canta em busca do amor:
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo cururu
Da beira do rio...
(Manoel Bandeira)

Tu ave da paixão
Que canta no taquaral
Sobre o ramo delira,
Suspira,
Como eu não tenho,
Não tenho um ombro pra descansar.
Um rosto,
Uma face para acariciar,
Uma boca para beijar.
Tu cantas para atrair um companheiro
Eu canto
Para sufocar o pranto
Que certamente não será o derradeiro.
(Cleube Alves)

Os textos de Manoel Bandeira e Cleube Alves são poemas, mas têm em si a abordagem da vida humana realizada pela metáfora do bicho, do animal irracional que carrega a voz, que desperta o pensamento reflexivo e insere poesia no consciente e na vida do animal racional, no homem, aquele denominado ser humano. Em Uma Esperança, a narração é construída em dois planos: O factual, concreto, do inseto na parede da casa. E o filosófico, do emocional, reflexivo e instrospectivo. É a esperança sentida pela narradora e seus filhos, é o sentimento que pousa na casa. Essa forma
de narração apresenta a luta pura e instintiva da natureza, com suas leis de sobrevivência. É a aranha que quer devorar a esperança. Apresenta também, a batalha humana contra a inefável perecividade da vida e da necessidade de agarrar-se a esperança como um ponto de apoio para percorrer o caminho, para suportar o peso do fado. A questão da esperança apresentada nesse conto realça também a cíclicidade da vida. A renovação da esperança. É a inocência e felicidade da criança em contraste com a dor e tristeza do adulto. É a personificação da esperança, da renovação da vida que se encontra presente na criança que é capaz de observar o caminhar devagar e hesitante da esperança e, além disso, compreender que ela só tem alma e pode voar. Em oposição a isso, temos o caos da vida adulta que cerra os olhos para as coisas simples da vida. É o vazio existencial que feri, faz sangrar e causa dor afugentando a esperança. As grandes coisas, as grandes conquistas da vida não existem essencialmente em sua magnitude. Elas são compostas pelas particularidades, pelas pequenas vitórias cotidianas. Portanto, costumamos nos manter sempre observantes as ocorrências, por mínimas que sejam, que acontecem ao nosso redor. A vida em sua complexidade e inconsistência adquiri mais conteúdo. Com isso, quando enxergamos o mínimo e virmos nele o máximo, se pode atribuir a si mais sentido de existência, mais vida. É, portanto, ver no sapo cururu, na esperança ou na açanã a beleza da vida, e a consciência de que mesmo que se falasse a língua dos anjos sem o amor nada seria. É tropeçar na pedra no meio do caminho e disso absorver uma lição para se construir a consciência de que é preciso saber viver. É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. É escrever um belo epitáfio para o último leito da vida.


RESUMO PUBLICADO NOS ANAIS DA I JORNADA INTERDISCIPLINAR DE
LETRAS E MATEMÁTICA DA EAD/UNITINS: LINGUAGENS, COMUNICAÇÃO E
TECNOLOGIAS
O conto Uma Esperança, de C. Lispector, parte de um fato corriqueiro, do cotidiano, da concreta, visível e enxergavel realidade existente diante de nossos olhos. É breve em seu tempo narrativo. Contudo, traz em si uma reflexão filosófica profunda. Com isso não é efêmero, mas se perpetua. Apesar de sua aparente frivolidade, a narrativa expõe uma busca pelo fator motivante de vida: a Esperança. É o concreto, o inseto, que surge diante dos olhos, mas o que se desperta é uma introspecção perpétua na vida humana. A narração é construída em dois planos: O factual, o concreto, do inseto na parede da casa. E o filosófico, do emocional, reflexivo e instrospectivo, é o sentimento que pousa na casa. Essa forma de narração apresenta a luta pura e instintiva da natureza, com suas leis de sobrevivência

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Gostei de sua analise. Seu ponto de vista é singular e importante. Como se dizem: "Todo ponto de vista é a vista de um determinado ponto" você encontrou um local bem específico para olhar.

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