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A PRÁTICA DA LEITURA NA ESCOLA

Posted by FLAVIO ALVES DA SILVA on 17:21 in , , , ,
F. A. SILVA¹, M. E. L. MILAGRE²

¹ Acadêmico do Curso de Letras do CEULP/ULBRA. E-mail: flavioalves77@yahoo.com.br
² Professora do CEULP/ULBRA

V Congresso Científico CEULP/ULBRA

RESUMO:
O ato de ler assume diversas práticas dentro do universo leitura. Cada leitor em cada leitura busca diferentes objetivos movido por forças motrizes distintas. O presente trabalho apresenta uma análise de diferentes textos referentes à prática de leitura na escola, evidenciando como é realizada essa prática e busca-se verificar se a mesma é uma prática intertextual e dialógica. Com suporte teórico no dialoguismo e na intertextualidade de Bakhtin.

PALAVRAS-CHAVES:
Leitura, Práticas, Conhecimento.

INTRODUÇÃO:
Todo e qualquer conhecimento é perpassado pela linguagem e só através desta pode ser organizado e aferido. Uma das partes constituintes da linguagem é a leitura, ato por meio do qual o indivíduo constrói seus significados por meio da interpretação dos significantes com os quais manteve contato. Segundo Kleiman (1995): "A aprendizagem da criança na escola está fundamentada na leitura[...]” com isso a pratica da leitura na escola assume um papel vital para a formação do indivíduo como um ser dialógico. O ato de ler constitui-se em uma dimensão macrocósmica, recheada de pequenas partes constitutivas das competências e habilidades individuais e coletivas do ser em uma diacronia sócio-histórico-cultural de construção do conhecimento. A leitura é um ato que coloca o leitor em contato com outras leituras e seus significantes e significados, promovendo assim a intertextualidade e o dialoguismo.

MATERIAIS E MÉTODOS:
O objetivo deste trabalho é analisar a prática da leitura na escola em diferentes instâncias. O método utilizado, para tanto, foi a pesquisa bibliográfica em textos veiculados em diversos meios de comunicação, livros, revistas, internet. Teve como fundamentação a teoria da intertextualidade e do dialoguismo, de Bakhtin (1998), como elementos constituintes da formação educacional construtivista.

RESULTADOS E DISCUSSÕES:
O ato de ler constitui-se em uma dimensão macrocósmica, recheada de pequenas partes constitutivas das competências e habilidades individuais e coletivas do ser em uma diacronia sócio-histórico-cultural de construção do conhecimento. Muito embora esse ato seja abordado e realizado, em sua quase totalidade, de forma segmentada, com foco direcionado ao fator de decodificação dos signos lingüísticos. Esse enfoque decodificatório é bastante utilizado na escola, onde o que mais importa é que o aluno consiga identificar as letras e suas associações enquanto palavras. Trata-se de uma prática “direcionada” para a parte gramatical da língua onde busca-se (quando se busca algo) simplesmente reconhecer as normas de uso da língua padrão. Esta postura da escola gera, dentre outras coisas, o desgosto, o sentido de obrigatoriedade e a aversão pela leitura. Outros dois modos de utilização/tratamento do ato da leitura nos conduzem a utilização dessa como uma exigência do e para o mercado de trabalho e/ou como um ato de lazer, restringindo essa leitura a determinadas e específicas áreas do conhecimento. Em outras palavras, só lemos o que queremos e/ou o que nos interessa objetivamente, mantendo com isso, mesmo que de forma mais implícita, a limitação da leitura a microcosmos. Na primeira deve-se “levar em conta a autonomia relativa que a escola deve a sua função própria sem deixar escapar as funções de classe que ela preenche necessariamente numa sociedade dividida em classes” (Nogueira, 2006) e assim a prática de leitura assume uma função tecnicista, operacional e obrigatória. Na segunda, a leitura é um refúgio, um escape para a tensão e o estresse, sendo considerado apenas como passa tempo, sendo assim desprovida de sentido cognitivo para a formação significativa do indivíduo. De modo geral, o ato de ler fica ancorado a uma única forma de utilização e uma finalidade específica. A busca e seqüencial efetivação de condições facilitadoras para a prática da leitura deve ser constante e contínua, portanto, as instituições de ensino e quaisquer outras que procure ou queira disseminar a prática da leitura deve se atentar para proporcionar essas situações que contribuam para a efetivação do processo construtivo do conhecimento. Essas condições para a prática da leitura são explícitas e implícitas na formação do saber. A liberdade para escolher suas leituras e a não obrigatoriedade de resolução de questionários após a leitura de cada e de todos os textos são exemplos dessas condições, assim como o incentivo do espelho, no qual o mediador reflete em si mesmo as vantagens e benefícios do domínio da leitura, refletindo também o próprio ato de ler. “A aprendizagem da leitura permite ao leitor conhecer, refletir e atuar sobre esta realidade, fazendo sentido então ler para escrever, ler para decorar, ler para entender e escrever para não esquecer” (Cavalcante, 2006). Com isso a prática da leitura não deve ser direcionada estritamente à quantidade, mas deve haver uma eqüidade entre quantidade e qualidade, levando o indivíduo a uma aprendizagem significativa. Deve-se criar condições que facilitem uma prática de leitura diária, em suas várias instâncias. As várias possibilidades de leitura por parte dos construtores do ato de ler, assim como a intertextualidade deve ser inserida na leitura possibilitando o contato com a diversidade de textos existentes, sempre realizando uma relação dialógica com e entre os conhecimentos teóricos, práticos e os demais fatores axiológicos, dentro da qual contextualiza-se os saberes e (re)constrói-se o conhecimento.

CONCLUSÕES:
Os diferentes textos analisados demonstram que a clareza de objetivos é fundamental, uma vez que propicia o desenvolvimento e aprimoramento de estratégias metacognitivas de leitura. Goodman (1991) afirma que "para entender como a leitura funciona, é necessário entender por que os leitores lêem", porém a improficiência em leitura da população brasileira de modo geral é alarmante, pois a prática da leitura na escola é ministrada de forma monológica e imperativa. Não há diálogo, pois segundo Bakhtin: “O diálogo, no sentido estrito do termo, não constitui, é claro, senão uma das formas, é verdade que das mais importantes, da interação verbal. Mas pode-se compreender a palavra ‘diálogo’ num sentido mais amplo, isto é, não apenas como a comunicação em voz alta, de pessoas colocadas face a face, mas toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja”. Portanto, a leitura não pode limitar-se a uma função específica, mas deve constituir um ato de formação significativa para o indivíduo dentro do processo de construção do conhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BAKTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: Estética da Criação Verbal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. cap. p. 279-326.
CAVALCANTE, Télia Batista. A Prática Pedagógica no Ensino Fundamental. Palmas-TO: CEULP/ULBRA, 2006. (Impresso).
GOODMAN, K. In: E. Ferreiro & Palacios, M. (orgs.) O processo de leitura: considerações das línguas e do desenvolvimento. Os processos de leitura e escrita novas perspectivas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.
KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura: teoria e prática. 8 ed. Campinas-SP: Pontes, 2001.
NOGUEIRA, Angra Mendes. A Escola e a Reprodução Social. Palmas-TO: CEULP/ULBRA, 2006.(Impresso).

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